Cupom de Desconto

MÁQUINA DE DINHEIRO

O crime organizado no Japão é tão competente que às vezes penso que a temida máfia japonesa, a Yakuza, andou tomando umas aulinhas com o Fisco brasileiro. Calma lá, não estou querendo insinuar que o Leão da Receita esconde sujeira embaixo do tapete. É que o maior grupo da máfia nipônica, o Yamaguchi-Gumi, tem dado verdadeiras aulas de sistema tributário. Não é que por trás de todo o mito acerca das suas atividades ilícitas eles estão conseguindo engordar a conta bancária do "Sindicato do Crime" com a cobrança de impostos às gangues afiliadas aqui do Japão?

Pois é, caro leitor, os tatuados da Yakuza conseguiram criar um novo tipo de contribuinte no país, que não declara imposto de renda, mas presta contas religiosamente. A prova disso foi o relatório recebido essa semana por um dos maiores jornais da Ásia, o Yomiuri Shimbun, que detalhava a movimentação e os lucros da máfia com a naturalidade de quem destrincha as contas de uma empresa multinacional: faturamento, formas de pagamento, número de funcionários. Estava tudo lá, só faltou um relatório com as ações sociais do grupo no último exercício!

Para se ter uma idéia, ao longo de 2006 a Yamaguchi conseguiu recolher cerca de um bilhão de yens (8 milhões de dólares) dos gangsters vinculados a ela - um aumento de quase 200% em relação ao ano anterior, quando foram arrecadados 300 milhões de yens (2,4 milhões de dólares). Mas os mafiosos também obedecem a hierarquia na hora de cobrar as suas taxas, e acabaram criando uma espécie de "Simples" do crime: gangues menores pagam a taxa mínima de 800 mil yens (módicos 6,4 mil dólares) por mês, enquanto as maiores desembolsam até 1,2 milhão de yens (9,7 mil dólares) mensais para os líderes da organização.

O mais engraçado é que o documento ainda trazia uma espécie de justificativa, dizendo que o dinheiro - coletado na forma de mensalidades - é usado para pagar as operações realizadas por esse braço administrativo da Yakuza, que tem como sede uma mansão na cidade portuária de Kobe, região Sul do país.

Mas se você de repente começou a avaliar os números aqui descritos e pensou – nossa, o tráfico carioca deve lucrar bem mais – saiba que nem só da Yamaguchi-Gumi sobrevive o Sindicato do Crime. A polícia nipônica estima que juntamente com os outros dois grandes grupos da máfia do Japão, o Sumiyoshi-Kai e o Inagawa-Kai, o Yamaguchi-Gumi agregue entre 21 mil e 40 mil membros em todo o país. Fontes da polícia calculam, porém, que com os criminosos "free lancers" o número de afiliados chegue a cerca de 85 mil. Onde vamos parar, com criminosos free lancers? Do jeito que a coisa anda, daqui a pouco esse pessoal vai ter carteira assinada. Imagine se a moda pega!

Fonte: oglobo.globo.com

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