Após a morte, os gastos decorrentes, do fato mais indesejável para o ser humano, são honrados com provisão do falecido ou da família ou de amigos ou do Estado. As lágrimas vertidas, de alegria ou tristeza, não pagam as obrigações financeiras dos extremos da vida (nascer e morrer). Tem uma música antiga de Silvio Brito, se não me falha a memória, que diz "tem que pagar pra nascer, tem que pagar pra viver, tem que pagar pra morrer". Finanças. Apenas isso!
Para o êxito em administração financeira apresento os dois Princípios Regentes em qualquer que seja o campo financeiro: pessoal, empresarial e governamental. São eles:
PRINCÍPIO DA OSTENTAÇÃO
Calcado na emoção, estático e individualista por tendência. Opera no curtíssimo prazo. Nele o trabalho é abjeto e, por extensão, é abjeção para o homem. Esse princípio é suporte à Gestão de Recursos Orientada para Imobilizar (GROI) em que, no caso do empresário, este imobiliza em excesso em terrenos, edificações, veículos, máquinas e outros. Quando isso acontece dizemos que a empresa tem Capital Fixo demasia (Capital Morto). O Capital Morto acarreta perdas pelo Custo de Oportunidade que é a receita que poderia ser obtida pela aplicação desse Capital Morto em Ativos Rentáveis. As dívidas são muito bem vindas, mesmo aquelas com efeito desastroso a longo prazo porque a marca desse princípio é o uso dos recursos para a aparência, seja o crédito ou Recursos Humanos ou o que for. Por isso, há pessoas em certas organizações que trabalham feito "burros-de-carga" e não vêem o fruto do seu trabalho. O Capital Humano não tem a devida importância no conjunto e a promoção do indivíduo é dada por critérios pessoais. Não contribui para a auto-sustentabilidade e nem para a mobilidade social necessária ao desenvolvimento de uma nação.
PRINCÍPIO DA UTILIDADE
Calcado na razão, dinâmico e coletivista por tendência. Opera no longo prazo. Nele o trabalho é digno e, por extensão, dignifica o homem. Esse princípio dá suporte à Gestão de Recursos Orientada para Girar (GROG). A "menina dos olhos" do empreendedor é a Capacidade de Geração de Receitas cujo motor é o Capital em Giro. Aqui o Capital Fixo é muito bem delimitado para que a empresa aproveite ao máximo a disponibilidade de Capital no giro da sua atividade econômica. A imobilização em excesso pode deixar o empresário na dependência de Capitais de Terceiros para Financiar o seu Giro. Se você tem dinheiro e quer investir em um negócio já instalado, procure aqueles com grande potencial para girar e gerar receita. O "bom do negócio" pode não ser tão evidente como por exemplo uma bela carteira de clientes. É necessário ter tino e saber perscrutar. As dívidas são bem vindas quando há "perspectiva de retorno" porque a marca desse princípio é a utilidade dos recursos, o crédito se insere nesse contexto. O Capital Humano é primordial e a promoção do indivíduo é dada pelo mérito técnico-profissional. Contribui para auto-sustentabilidade e para a mobilidade social necessária ao desenvolvimento nacional. As indústrias para comportar sua robusta estrutura, instalações e máquinas, necessitam de grande área em terreno e edificações mas isso não quer dizer que tenham Capital Morto.
No Brasil, até os anos 90, se avaliavam as empresas com base no IMOBILIZADO delas. As empresas eram bem vistas pelos prédios onde funcionavam e pela frota estacionada no pátio. Qual a utilidade desses ATIVOS? Essa não era uma indagação recorrente. O setor público era campeão nesse Pecado Capital. Os bancos públicos, ao contrário dos particulares, quando se instalavam numa cidadezinha ali construíam um palacete imponente que passava a servir como referência para transeuntes e visitantes.
A partir da década de 90, após a desastrosa hiperinflação e a abertura da economia para o mundo aprendemos um pouco que TRABALHO e CAPITAL EM GIRO são aliados e não inimigos. E isso é muito significativo num país em que TRABALHO sempre foi vilipendiado. Deixamos um pouquinho de pensar em "ganhar mais em menos" para pensar em "ganhar menos em mais". Essa é a lógica.
Se pensarmos um pouco mais coletivamente, vamos ver o quanto já temos como armas sociais: ganhamos o Código de Defesa do Consumidor em 1990, as práticas das Perdas Contábeis por conta dos Créditos de Liquidação Duvidosa deixou de ser estática e dinamizou-se a partir de 1999/2000, a farra do Poder Executivo é disciplinada pela Lei de Responsabilidade Fiscal de 2001, melhoramos o Código Civil Brasileiro em 2002, a Legislação Societária (antiga Lei das S.A. e Lei de Falências e Concordatas) também foi dinamizada, ganhamos a CGU Controladoria Geral da União que é promissora apesar da, ainda, falta de autonomia diretiva. O Mercado de Capitais, os Fundos de Aposentadoria e Pensão, a Poupança popular (a chamada Poupança Rural) estão em expansão. Em paralelo espera-se que os ativos financeiros lastreados pelo endividamento irresponsável dos governos sejam reduzidos drasticamente no longínquo prazo. Isso tudo denota uma tendência de fortalecimento da Poupança Interna que é o anteparo do equilíbrio social em qualquer economia moderna. Já não é tão proibido falar em lucro e contenção de gastos. Temos o direito de avaliar o Estado e outras organizações e estamos desenvolvendo consciência para avaliar melhor nossas próprias finanças.
No plano conjuntural penso que estamos à frente do plano das famílias. O mais importante, contudo, não é a velocidade das mudanças e sim a efetividade delas. A performance da nossa caminhada será ditada pela Consciência Cidadã, dentro da qual são determinantes o lastro em Educação para o Valorização Trabalho e do Mérito e a Educação Financeira.
O Princípio da Utilidade e o Princípio da Ostentação concorrem o tempo todo para pautar as nossas atitudes. Ora tendemos para o ÚTIL ora tangenciamos ao OSTENSIVO. Esse dilema não é circunscrito ao âmbito das empresas. Boa parte da classe média brasileira "investe" toda a riqueza nos sonhos da mansão e do carro (para ostentar) e levam os apelos do seu Déficit Orçamentário para as instituições onde trabalham, especialmente, as do setor público.
Seja como administrador na família seja como gestor nas organizações públicas ou privadas, observar o antagonismo desses princípios e utilizar os RECURSOS DISPONÍVEIS com a MÁXIMA UTILIDADE é fazer com que o POTENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO seja suplantado pela REALIDADE DO DESENVOLVIMENTO com prosperidade e justiça social como a nação necessita e merece.
Fonte: www.artigonal.com
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